Como já explanei anteriormente,
defendo que os clubes grandes devam se unir para oferecer um produto de melhor
qualidade, com campeonatos atraentes e cada vez mais lucrativos. No futebol
sul-americano acredito ser essa a melhor alternativa para oferecer um produto
internacional de qualidade.
Troféu da Supercopa |
A Conmebol matou uma “galinha dos
ovos de ouro” ao acabar com a Supercopa, um torneio totalmente no estilo
“mata-mata”[i]
cujo critério para participação era ser campeão da Libertadores.
Resultado: clássicos do início ao
fim, torcidas empolgadas e estádios lotados. Todos os anos tínhamos a certeza
de grandes confrontos como Flamengo x Boca Juniors, São Paulo x River Plate,
Cruzeiro x Independiente, Peñarol x Grêmio entre outros. Era a nata do futebol
sul-americano em campo. Mesmo que alguns clubes estivessem tecnicamente em baixa,
sempre pesou a tradição e a força da torcida para gerar grandes espetáculos.
Para ter uma ideia, o Cruzeiro
teve uma média de 72.000 pessoas por jogo na Supercopa de 1992, ano em que o
clube mineiro conquistou o bicampeonato do torneio.
Por pressão da TV brasileira e a
Traffic, detentora dos direitos comerciais, o torneio foi substituído pela CopaMercosul[ii],
já que clubes tradicionais como Palmeiras, Corinthians, Vasco[iii],
Botafogo, Fluminense, Atlético-MG e Internacional não tinham um título da Copa
Libertadores e assim não poderiam jogar o torneio.
No início dos anos 90 o cenário
era o seguinte: Taça Libertadores no primeiro semestre. No segundo semestre
tínhamos a Supercopa e a Copa Conmebol (equivalente à Copa Sul-Americana).
Poucos anos antes da extinção da
Copa Conmebol, a CBF passou a dar uma vaga no torneio aos Campeões da Copa
Norte e Copa do Nordeste. O que possibilitou equipes como o CSA-AL, Sampaio
Correia-MA e Rio Branco-AC a disputarem torneios internacionais. O torneio foi
extinto por perda de força comercial e desinteresse de algumas Federações.
Informações na época mostravam que os clubes uruguaios pediram para não
disputar mais o torneio.
Acontece que no início dos anos
90 o cenário era bem diferente: não tínhamos a Internet tão difundida com a
possibilidade de cobertura em tempo real, transmissão em streaming e redes sociais. Além disso, não tínhamos os canais
fechados tão difundidos como hoje. No Brasil tínhamos o Sportv em início de
atividade e com acesso muito restrito.
Hoje temos muito mais canais de
mídia para a difusão dos eventos, permitindo aos torcedores e aficionados
acompanharem os jogos em tempo real. Lembro-me perfeitamente que em 1993 eu
tinha que recorrer à Rádio Itatiaia para conseguir acompanhar os jogos do
Cruzeiro pela Supercopa. Já os gols eu só conseguiria ver no dia seguinte, no
Globo Esporte, e a crônica esportiva somente na edição seguinte do jornal “O
Estado de Minas”. Quanta mudança!
Como aficionado por futebol que
sou, acompanhei a campanha da Ponte Preta na Copa Sul-Americana de 2013. O que
me atraiu foi o ineditismo, o que gera curiosidade nos demais torcedores. Esse
deve ser o grande mote da Copa Sul-Americana.
Troféu da Copa Sul-Americana |
Hoje o torneio é desprezado pelos
clubes grandes do Brasil, que costumam disputar com um time reserva. Além
disso, o confuso critério de classificação elaborado pela CBF desmerece ainda
mais o torneio. É preciso que os melhores colocados da edição anterior do
Campeonato Brasileiro Série A (que não se classificaram para a Libertadores)
sejam eliminados antes das oitavas de final da Copa do Brasil para conquistarem
uma vaga no torneio internacional.
Por isso, defendo a volta da
Supercopa como um super produto sul-americano. Esse sim poderia ter uma final
única, de preferência nos EUA.
Já a Copa Sul-Americana deveria
cumprir o seu papel de dar oportunidades às equipes médias de jogarem um
torneio internacional, já que a maioria dificilmente teria uma oportunidade de
disputar a Taça Libertadores. Com critérios de classificação que valorizem as
conquistas regionais, a Copa será muito bem digerida pelos torcedores.
Cabe também à Conmebol exigir das
Federações filiadas o empenho para a valorização do torneio. O que a CBF faz
atualmente pode até solucionar um problema do calendário local, mas
desprestigia o evento. Que tal então dar essas vagas somente aos campeões dos
torneios regionais? Além disso, poderia reduzir a quantidade de vagas
destinadas ao Brasil, afinal, o confronto regional na primeira fase é
extremamente desinteressante.
Posteriormente falarei sobre a
Taça Libertadores.
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[i] -
Com exceção da última edição, em 1997, cuja primeira fase foi disputada em
grupos com 4 equipes cada.
[ii] -
A Copa Mercosul foi disputada entre 1998 e 2001.
[iii]
- O Vasco conquistou o direito de participar da Supercopa a partir de 1997,
após a Conmebol reconhecer o título Sul-Americano de 1948, considerado um
embrião da Taça Libertadores.
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