segunda-feira, 2 de maio de 2016

Copa Sul-Americana e Supercopa


Como já explanei anteriormente, defendo que os clubes grandes devam se unir para oferecer um produto de melhor qualidade, com campeonatos atraentes e cada vez mais lucrativos. No futebol sul-americano acredito ser essa a melhor alternativa para oferecer um produto internacional de qualidade. 
Troféu da Supercopa

A Conmebol matou uma “galinha dos ovos de ouro” ao acabar com a Supercopa, um torneio totalmente no estilo “mata-mata”[i] cujo critério para participação era ser campeão da Libertadores.
Resultado: clássicos do início ao fim, torcidas empolgadas e estádios lotados. Todos os anos tínhamos a certeza de grandes confrontos como Flamengo x Boca Juniors, São Paulo x River Plate, Cruzeiro x Independiente, Peñarol x Grêmio entre outros. Era a nata do futebol sul-americano em campo. Mesmo que alguns clubes estivessem tecnicamente em baixa, sempre pesou a tradição e a força da torcida para gerar grandes espetáculos.

Para ter uma ideia, o Cruzeiro teve uma média de 72.000 pessoas por jogo na Supercopa de 1992, ano em que o clube mineiro conquistou o bicampeonato do torneio.

Por pressão da TV brasileira e a Traffic, detentora dos direitos comerciais, o torneio foi substituído pela CopaMercosul[ii], já que clubes tradicionais como Palmeiras, Corinthians, Vasco[iii], Botafogo, Fluminense, Atlético-MG e Internacional não tinham um título da Copa Libertadores e assim não poderiam jogar o torneio.  

No início dos anos 90 o cenário era o seguinte: Taça Libertadores no primeiro semestre. No segundo semestre tínhamos a Supercopa e a Copa Conmebol (equivalente à Copa Sul-Americana).

Poucos anos antes da extinção da Copa Conmebol, a CBF passou a dar uma vaga no torneio aos Campeões da Copa Norte e Copa do Nordeste. O que possibilitou equipes como o CSA-AL, Sampaio Correia-MA e Rio Branco-AC a disputarem torneios internacionais. O torneio foi extinto por perda de força comercial e desinteresse de algumas Federações. Informações na época mostravam que os clubes uruguaios pediram para não disputar mais o torneio.

Acontece que no início dos anos 90 o cenário era bem diferente: não tínhamos a Internet tão difundida com a possibilidade de cobertura em tempo real, transmissão em streaming e redes sociais. Além disso, não tínhamos os canais fechados tão difundidos como hoje. No Brasil tínhamos o Sportv em início de atividade e com acesso muito restrito.

Hoje temos muito mais canais de mídia para a difusão dos eventos, permitindo aos torcedores e aficionados acompanharem os jogos em tempo real. Lembro-me perfeitamente que em 1993 eu tinha que recorrer à Rádio Itatiaia para conseguir acompanhar os jogos do Cruzeiro pela Supercopa. Já os gols eu só conseguiria ver no dia seguinte, no Globo Esporte, e a crônica esportiva somente na edição seguinte do jornal “O Estado de Minas”. Quanta mudança!

Como aficionado por futebol que sou, acompanhei a campanha da Ponte Preta na Copa Sul-Americana de 2013. O que me atraiu foi o ineditismo, o que gera curiosidade nos demais torcedores. Esse deve ser o grande mote da Copa Sul-Americana.

Troféu da Copa Sul-Americana
Hoje o torneio é desprezado pelos clubes grandes do Brasil, que costumam disputar com um time reserva. Além disso, o confuso critério de classificação elaborado pela CBF desmerece ainda mais o torneio. É preciso que os melhores colocados da edição anterior do Campeonato Brasileiro Série A (que não se classificaram para a Libertadores) sejam eliminados antes das oitavas de final da Copa do Brasil para conquistarem uma vaga no torneio internacional.

Por isso, defendo a volta da Supercopa como um super produto sul-americano. Esse sim poderia ter uma final única, de preferência nos EUA.

Já a Copa Sul-Americana deveria cumprir o seu papel de dar oportunidades às equipes médias de jogarem um torneio internacional, já que a maioria dificilmente teria uma oportunidade de disputar a Taça Libertadores. Com critérios de classificação que valorizem as conquistas regionais, a Copa será muito bem digerida pelos torcedores.

Cabe também à Conmebol exigir das Federações filiadas o empenho para a valorização do torneio. O que a CBF faz atualmente pode até solucionar um problema do calendário local, mas desprestigia o evento. Que tal então dar essas vagas somente aos campeões dos torneios regionais? Além disso, poderia reduzir a quantidade de vagas destinadas ao Brasil, afinal, o confronto regional na primeira fase é extremamente desinteressante.

Posteriormente falarei sobre a Taça Libertadores.





[i] - Com exceção da última edição, em 1997, cuja primeira fase foi disputada em grupos com 4 equipes cada.
[ii] - A Copa Mercosul foi disputada entre 1998 e 2001.
[iii] - O Vasco conquistou o direito de participar da Supercopa a partir de 1997, após a Conmebol reconhecer o título Sul-Americano de 1948, considerado um embrião da Taça Libertadores.