Quase que
diariamente vejo matérias na imprensa brasileira fazendo comparações
entre o futebol brasileiro e as mais diversas Ligas da Europa e
outros países. A maioria absoluta mostra o nosso país em
desvantagem, soando como demérito ou vergonha nacional (sempre em
tom de espanto, como se fôssemos uma super potência), mostrando o
quanto estamos atrasados na gestão do nosso esporte.
Não
adianta compararmos, por exemplo, a Copa Libertadores de América com
a Liga dos Campeões. O torneio europeu possui um alcance
internacional enorme e uma combinação de fatores que fazem do mesmo
imbatível.
O
trabalho de marketing desenvolvido na Liga dos Campeões busca o
maior alcance internacional possível, com a comercialização dos
direitos de transmissão. Mas somente isso não é suficiente. Tem
que haver um esforço do parceiro de mídia local para promover o
evento, gerando assim mais audiência e retorno para os
patrocinadores e clubes participantes.
É o que
vimos no Brasil, quando a UEFA fechou um acordo de transmissão com a
TV Globo, buscando mais audiência no “país do futebol”, pois
não estava satisfeita com os resultados obtidos com a TV
Bandeirantes. (1)
Hoje no
Esporte Espetacular, na TV Globo, passou o último episódio da “Liga
dos Sonhos”, uma série especial sobre a Liga dos Campeões. Uma
produção de fazer inveja na Taça Libertadores e na Conmebol e de
deixar nós, torcedores sul-americanos, com brilho nos olhos.
Fica
evidente que falta para a Conmebol um trabalho de marketing mais
elaborado, como a produção de conteúdo sobre a Libertadores para
as mais diversas mídias, a obrigação de transmissão das finais
pelos canais de TV abertos que detêm os direitos de transmissão do
torneio e diversas outras ações.
Sabemos
que o poderio econômico do futebol brasileiro e sul-americano
refletem a situação econômica do Brasil e seus vizinhos, mas a má
gestão continua sendo o principal fator dos efeitos negativos. Além
disso, o sistema político pelo qual o futebol sul-americano está
estruturado é o grande vilão do desenvolvimento do nosso futebol.
Sou um
grande fã do modelo americano de gerir as ligas esportivas com suas
franquias, algo impossível de aplicar no futebol brasileiro. E para
essa questão eu não vejo soluções, a não ser contar com a
competência de um dirigente ou outro, ou um esforço partindo da
Globo ou da CBF. Sendo obrigada a atender o interesse de suas
Federações filiadas, a CBF deixará os Campeonatos Estaduais
intocáveis, mesmo que a maioria deles sejam deficitários (eu não
defendo o fim dos Estaduais, mas sim uma adaptação do calendário,
que falarei mais adiante).
Defendo
que não adianta comparar o futebol brasileiro com as principais
ligas do mundo, pois não estamos em tal patamar. O máximo que
podemos fazer hoje é estudá-las e admirá-las. Nós, brasileiros,
temos que nos colocar em nosso devido lugar e o máximo que podemos
comparar são com os nossos vizinhos sul-americanos. Basta ver a média de público dos principais clubes argentinos, que já nos mostra
que a caminhada é muito mais áspera do que imaginamos. Precisamos primeiro olhar para os lados. (2)
Estudo da Pluri Consultoria. |
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